Maria, a Mulher do Gênesis ao Apocalipse
No começo, Eva foi expulsa com Adão do Paraíso, porque não quiseram ouvir a voz de Deus. Mas o Senhor nos prometeu uma salvação: “A cabeça da serpente será esmagada”. Do Gênesis ao Apocalipse, constatamos como Deus foi fazendo as coisas em ordem de perfeição. O pecado aproveitou-se da fragilidade da mulher. E Deus estabeleceu: Se por uma mulher entrou o pecado no mundo, por uma mulher entrou a salvação.
Porei hostilidade entre ti e a mulher, entre tua linhagem e a linhagem dela. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar. (Gn 3,15)
Nas bodas de Caná, Jesus disse a Maria: “Mulher, ainda não é chegada a minha hora”. Nos pés da cruz também Ele usou a expressão “mulher” – “Mulher, eis aí o teu filho” – para representar a nova mulher que nos trouxe a salvação, Maria, a Mulher do Gênesis ao Apocalipse. O Verbo se fez Homem e habitou entre nós. Maria deu seu filho para a humanidade, Maria deu o Salvador para a humanidade.
Depois que Jesus salvou a humanidade, Deus nos entregou sua última pérola, Maria.
Quem tinha de nos salvar era um Ser Humano, por causa do pecado que entrou por meio dele. Por isso, não há salvação fora de Jesus, pois Ele é a ponte que nos une a Deus. Algumas pessoas não entendem isso, e acham que Nossa Senhora é uma ponte paralela, que coloca Jesus à sombra, mas não é isso! Jesus é a única ponte. Os protestantes (evangélicos), às vezes, pensam que colocamos Maria no lugar de Jesus. Mas não é verdade!
Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações. (São Lucas 1, 46-48)
Nós honramos a Mulher – do Gênesis ao Apocalipse – porque Deus a honrou primeiro. É dado a Nossa Senhora o título de corredentora, ou seja, aquela que participa da redenção. Maria ofereceu não somente um simples Filho à humanidade, mas o Filho de Deus. Lembremos do que a Igreja nos ensina: a beleza de Maria e suas virtudes inesgotáveis (Recomendamos um livro maravilhoso de São Luís de Monfort chamado “O segredo da Virgem Maria”).
O Papa João Paulo II disse que o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem (Livro que propõe uma total consagração a Nossa Senhora) foi o melhor livro que já leu na sua vida. Uma das coisas que ele aprendeu, por meio da consagração, é que ela não nos leva a colocar Jesus à sombra; pelo contrário, leva-nos a colocar um holofote sobre Ele.
Eu fiz a consagração de São Luís de Monfort; depois da consagração a Nossa Senhora, minha vida mudou. (Prof. Felipe Aquino)
Em 431, quando começou uma teoria herética de que Nossa Senhora não era a Mãe de Deus, a Igreja se reuniu no Concílio de Éfeso e determinou: Maria é a Theotokos (Mãe de Deus). Desde o século II nossos irmãos mártires do Império Romano, em Alexandria, norte do Egito, já rezavam aquela famosa oração:
Debaixo da Vossa proteção nos refugiamos Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, Virgem gloriosa e Bendita.
Para nós existe o tempo, mas para Deus não existe passado, presente nem futuro. Para Deus tudo é presente; e nós estamos sujeitos ao tempo d’Ele. Para o Senhor está tudo aqui e agora. Então, em Sua eternidade, num instante que não passa, Ele já havia escolhido Maria, a Mulher do Gênesis ao Apocalipse, como “corredentora”. Mas, mesmo assim, mandou um anjo para lhe anunciar que ela seria a Mãe do Salvador, pedindo seu consentimento, porque Deus não tirou a liberdade dela. E Maria disse ‘sim’. O ‘sim’ que cada um de nós dá a Deus está representado no ‘sim’ de Maria.
Ninguém jamais sofreu como Nossa Senhora. Quem já viu seu filho ser crucificado? Maria sofreu desde o nascimento até passar tudo o que passou. Ela teve de atravessar o Egito, caminhou uns dez dias de viagem, debaixo do sol, para sair de Nazaré, a fim de livrar Jesus da morte de Herodes.
Ao levar Jesus ao templo, Simeão disse: “Uma espada transpassará a Tua alma”. Eu fico pensando que espada de dor acompanhou toda a vida dela, mas, mesmo assim, ela permaneceu de pé. Maria saiu do Egito e voltou a Nazaré. Ela acompanhou Jesus até o calvário. Que relacionamento Nossa Senhora tem com Deus se Ela é Mãe de Deus, se Ela é filha de Deus e esposa? Daí, vem toda a beleza do dogma de Nossa Senhora. É por isso que, na Ave-Maria, rezamos: “Santa Maria Mãe de Deus”. É o mesmo que dizer: “A Senhora pode tudo através de sua intercessão materna”.
São Bernardo, no século XII, chamava Nossa Senhora de “Onipotência Suplicante” não por natureza, mas por graça, porque o que Ela pede, consegue. Jesus mostrou isso nas bodas de Caná. Não era hora de começar os milagres, mas Ela se fez de advogada e disse aos serventes: “Façam tudo o que Ele mandar!”. O Senhor transformou tudo em vinho de melhor qualidade. O que Jesus quis mostrar com esse fato chocante? “Eu sou Deus e atendo o que Minha Mãe me pede!”.
Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo de seus pés, e na cabeça uma coroa de doze estrelas. (Ap 12,1)
Essa visão maravilhosa que São João teve quando estava deportado na ilha de Patmos revela toda a majestade e poder de Nossa Senhora e da Igreja. Maria, a Mulher do Gênesis ao Apocalipse, é a Mãe de Deus e também a nossa Mãe. Se você não agradeceu a Jesus, ainda, por ter lhe dado a Mãe, agradeça-Lhe! Porque Ele, mesmo destroçado na cruz, deu a Mãe d’Ele para nós:
Eis aí a tua Mãe. E João a levou para a sua casa. (Jo 19,27)
São Luis de Montfort vai dizer:
Deus reuniu todas as águas e chamou de mar, reuniu todas as graças e chamou de Maria.
Os inteligentes teólogos perguntam: “Por que Deus escolheu aquela menina? Lá, naquela cidade pequena?” Foi pela humildade dela. Eva foi orgulhosa e desobediente; Deus precisava encontrar o oposto dela. Ele encontrou Maria. Santo Irineu diz:
A humildade e a obediência de Maria desataram o orgulho e a desobediência de Eva.
Maria não teve pecado original. Pelos méritos de Jesus na cruz, ela foi salva pelo Sangue de Cristo. Ela foi salva, antes, como se tivesse sido vacinada. Nós fomos salvos pelo batismo; Maria foi vacinada pelo Sangue de Cristo. A Virgem Maria é imaculada, sem mancha. Santo Agostinho já dizia:
Maria é Virgem antes, durante e depois.
Mas como isso? É um milagre! A Igreja ensina que Maria foi virgem na concepção, durante o nascimento de Jesus e depois dele. Ela é Virgem perpétua. Você já olhou uma vidraça? Se a luz passa pelo vidro, como Deus não poderia entrar em uma mulher sem rasgar as paredes? Ela queria ser virgem. Ela concebeu por ordem do Espírito Santo. O Senhor deu a Ela um esposo, José, a fim de que formassem uma família. Tudo de Deus é confuso. Como uma rosa, que é plantada no esterco, nasce cheirosa? E como uma vaca, que come capim, pode dar leite? Tudo do Senhor é chocante, porque Ele é Deus. Não queira entender completamente os desígnios de Deus, a nós cabe apenas aceitá-los. Maria, a Mulher do Gênesis ao Apocalipse.
Transcrição de Jakeline D’Onofrio, texto adaptado por Veritatis Catholicus.