A Santa Missa é a presentificação do Sacrifício de Jesus no Calvário, não é repetição e nem multiplicação desse acontecimento; é a sua renovação, atualização, pois Deus está acima do tempo, que é sua criatura. Na Santa Missa as ações de Cristo são “teândricas”, isto é, humanas e divinas ao mesmo tempo, por isso, não se esgotam no tempo como as nossas ações.
A Missa é oferecida com várias finalidades: homenagem de adoração suprema ao Pai Eterno por Seu Filho encarnado, feito homem, unindo as nossas com as Dele e as de toda a Igreja. É um ato de oferecimento de cada fiel ao Senhor para o amar e servir.
É um culto de ação de graças ao Pai para agradecer-lhe os dons que recebemos: a glória da Virgem Maria, seus méritos e os dos santos e todos os benefícios que recebemos pelos méritos de Cristo. É também um ato de reparação pelos nossos pecados e os da humanidade. É o momento de apresentar a Deus nossas necessidades pessoais; e, sobretudo, a graça necessária para vencer os piores pecados que nos escravizam.
Além disso, no oferecimento eucarístico do pão e do vinho, são também apresentadas a Deus toda a riqueza e pobreza da humanidade inteira. Assim rezamos pelas necessidades de todos os homens espalhados pelo mundo inteiro, em particular pelos mais necessitados. Quando participamos da Santa Missa ajudamos concreta e eficazmente os outros. De fato, a Santa Missa é fonte privilegiada de justiça, de partilha, de paz, de reconciliação e de perdão entre todos os povos. A Eucaristia sempre é celebrada sobre o altar do mundo. Une o céu e a terra (cf. São João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia, 8).
Na celebração da Santa Missa, tudo lembra o Sacrifício de Jesus por nós. O altar de pedra contém relíquias de santos, às vezes até ossos, pois eles participam da glória de Cristo e “intercedem por nós sem cessar”; as velas que queimam no altar e se consomem, e os círios, simbolizam a fé, a esperança e a caridade. As toalhas brancas que cobrem o altar representam os lençóis com que foi envolvido o Corpo de Jesus Cristo; o crucifixo representa-O morrendo por nós. Tudo lembra o Calvário.
Quando o sacerdote paramentado sobe o altar para celebrar a Santa Missa, representa Jesus Cristo caminhando para o suplício do Calvário. […] As vestes sacerdotais nos ensinam com que disposições devemos nos apresentar ao Santo Sacrifício. (São Pedro Julião Eymard)
Dom Rafaello Martineli, explica em seu livro “Eucaristia, pão de vida eterna”:
A beleza e a esmerada ornamentação dos paramentos, sinal da fé e do amor dos fiéis, é também um convite a contemplar a Beleza do Senhor, presente de um modo todo especial na Eucaristia.
Quando o sacerdote coloca o “amito”, um lenço sobre os ombros, significa a modéstia e o recolhimento. A brancura da alva (túnica branca) significa a pureza. O cordão na cintura simboliza os laços com que os judeus O prenderam no Jardim das Oliveiras, para conduzi-lo aos tribunais de Anás, Caifás, Herodes e Pilatos. A estola significa o poder sacerdotal e a inocência. A casula indica o manto de púrpura que Lhe colocaram nos ombros no Pretório, para zombar do Senhor. E simboliza também a cruz que lhe impuseram. Então, devemos ver no sacerdote paramentado o próprio Jesus Cristo com as vestes da Sua Paixão.
O sacerdote (bispo ou presbítero) é o ministro sem o qual não é possível celebrar a Santa Missa: de fato, ele é consagrado com um Sacramento especial (o Sacramento da Ordem). Ele obedece ao mandato de Cristo, fazendo o que Ele fez na Última Ceia; preside e age in persona Christi capitis, isto é, em nome e na pessoa de Cristo, Cabeça da Igreja: quem age na Eucaristia é Jesus Cristo, o sacerdote é o instrumento visível; representa a Igreja, age in persona Ecclesiae, isto é, em nome da Igreja, e deste modo recolhe a oração da Igreja inteira. Através do sacerdote, Jesus chega até nós, a Santa Eucaristia, e nada pode substituir a Sua Pessoa em nossa vida.
Nos ensina a Igreja: cada vez que a Santa Missa é celebrada, torna-se presente a nossa redenção. São Pedro Julião Eymard dizia que:
A Redenção é para nós como o Sol, que ao mesmo tempo brilha para todos, mas é como se existisse para cada um.
Desde o inicio os apóstolos celebravam a Santa Missa no primeiro dia da semana (dominus, dia do Senhor):
No primeiro dia da semana, estando nós reunidos para a fração do pão… (At 20, 7)
A partir da ressurreição do Senhor, os primeiros cristãos, à espera do retorno glorioso do Salvador, manifestavam o seu fiel compromisso com Cristo reunindo-se a cada domingo para a fração do pão. São várias as fontes que atestam a origem apostólica desta prática. A Epístola de Barnabás (74 d.C.) um dos documentos mais antigos da Igreja, anterior ao Apocalipse, relata:
Guardamos o oitavo dia (o domingo) com alegria, o dia em que Jesus levantou-se dos mortos. (Barnabás 15:6-8)
Existem muitos outros documentos históricos dos primeiros séculos do cristianismo que citam a Santa Missa, a famosa Didaqué é uma das evidências:
Reuni-vos no dia do Senhor (Domingo) para a fração do pão e agradecei (celebrai a Eucaristia), depois de haverdes confessado vossos pecados, para que vosso sacrifício seja puro. (Didaqué, 70 d.C.)
Vejamos uma pequena parte do que proclamaram os santos sobre a Santa Missa:
No domingo pela manhã, o bispo distribuirá a comunhão, se puder, a todo o povo com as próprias mãos, cabendo aos diáconos o partir do pão… (Santo Hipólito de Roma, †236 d.C., Tradição Apostólica, part III)
Nosso Senhor nos concede tudo o que lhe pedimos na Santa Missa: o que mais vale é que nos dá ainda o que nem sequer cogitamos pedir-lhe e que, entretanto, nos é necessário. (São Jerônimo, †420 d.C.)
Uma só Missa oferecida e ouvida em vida com devoção, para o próprio bem, pode valer mais que mil Missas celebradas na mesma intenção, depois da morte. (Santo Anselmo, †1109)
Fica sabendo, ó cristão, que mais merece ouvir devotamente uma só missa do que distribuir todas as riquezas aos pobres e peregrinar toda a terra. (São Bernardo, doutor da Igreja, †1153)
O homem deveria tremer, o mundo deveria vibrar, o Céu inteiro deveria comover-se profundamente quando o filho de Deus aparece sobre o altar nas mãos do sacerdote. (São Francisco de Assis, †1226)
O martírio não é nada em comparação com a Santa Missa. Pelo martírio, o homem oferece a Deus a sua vida; na Santa Missa, porém, Deus dá o seu Corpo e o seu Sangue em sacrifício para os homens. Se o homem reconhecesse devidamente esse mistério, morreria de amor. A Eucaristia é o milagre supremo do Salvador; é o dom soberano do Seu amor. (Santo Tomás de Aquino, †1274)
A celebração da Santa Missa tem tanto valor como a morte de Jesus na Cruz. (Santo Tomás de Aquino, †1274)
A comunhão espiritual consiste, no desejo ardente de receber a Nosso Senhor Jesus Cristo sacramentalmente e num amoroso abraço como se já tivesse recebido. (Santo Tomás de Aquino, †1274)
Sem a Santa Missa, que seria de nós? Tudo perecia neste mundo, pois somente ela pode deter o braço de Deus. (Santa Teresa de Ávila, †1582)
A Missa é o sol da Igreja. (São Francisco de Sales, †1622)
Eu acredito que se não existisse a Missa, o mundo já teria caído no abismo, pelo peso de sua iniquidade. A missa é o suporte poderoso que o sustenta. (São Leonardo de Porto Maurício, †1751)
Uma missa antes da morte pode ser mais proveitosa que muitas depois dela. (São Leonardo de Porto Maurício, †1751)
Jesus Cristo na Santa Missa é médico e remédio. (Santo Afonso de Ligório, †1787)
Sem a Missa, a terra já teria sido aniquilada, há muito tempo, por causa dos pecados dos homens. (Santo Afonso de Ligório, †1787)
Cada hóstia consagrada é feita para se consumir de amor em um coração humano. Se conhecêssemos o valor do Santo Sacrifício da Missa, que zelo não teríamos em assistir a ela. (São João Maria Vianney, †1859)
A Santa Missa é Jesus no Calvário, com Maria nossa Mãe a seu lado e João aos pés da Cruz, e os anjos em adoração. Choremos de amor e adoração nesta contemplação. (São Padre Pio de Pietrelcina, †1968)
Seria mais fácil o mundo sobreviver sem o sol, que sem a Santa Missa. (São Padre Pio de Pietrelcina, †1968)
A Missa é o memorial do Mistério pascal de Cristo. Ela nos torna partícipes na sua vitória sobre o pecado e a morte, e dá significado pleno a nossa vida. (Papa Francisco, Praça São Pedro – Vaticano, 22 de Novembro de 2017)
Quando vamos à Missa é como se fôssemos ao Calvário, é a mesma coisa. […] Quando nós entramos na Igreja para celebrar a Missa, pensemos isto: entro no Calvário, onde Jesus dá a sua vida por mim. […] Tão bonita que é a Missa, o triunfo de Jesus. (Papa Francisco, Praça São Pedro – Vaticano, 22 de Novembro de 2017)
Prof. Felipe Aquino, texto adaptado por Veritatis Catholicus.